Seja pelo rápido crescimento populacional, falta de recursos para investir em infraestrutura, ou ainda pela transferência de atividades para outras áreas, inúmeras cidades do mundo também assistiram à desvalorização de suas regiões centrais. Mas, nas últimas décadas, os governos passaram a desenvolver intervenções urbanísticas para adaptar esses espaços públicos, agregando valor e elevando a qualidade de vida de seus moradores. Alguns exemplos são o Puerto Madero, em Buenos Aires, na Argentina; o Port Vell de Barcelona, na Espanha; o Kop van Zuid, em Roterdã, na Holanda.
As intervenções começaram no início da década de 90 e, após a criação de uma sociedade anônima para gestão de serviços locais, enquanto o governo cuidava da parte de regulamentação dos projetos, Puerto Madero se tornou um bairro nobre da cidade de Buenos Aires.
Os investimentos atraídos pela proposta de recuperação econômica da região permitiram a recuperação de diversos armazéns, que foram transformados em escritórios e residências. Após a construção de hotéis, salas de cinema, teatros, bares e restaurantes, e da Universidade Católica Argentina, o porto transformou-se em um polo gastronômico e cultural que, hoje, é visitado por turistas de todo o mundo.
A partir de uma parceria público-privada, e no embalo dos Jogos Olímpicos de 1992, Barcelona superou o desafio de ter uma região portuária muito próxima do centro histórico e conseguiu restabelecer a relação entre as duas áreas, dignificando espaços públicos, usando tecnologia e valorizando os prédios históricos da cidade. Um de seus marcos foi a reconversão do Port Vell, considerada até hoje uma iniciativa extremamente moderna, arrojada e muito inspiradora para diversas cidades do mundo. Barcelona se transformou em uma cidade aberta ao mar, com amplas áreas livres e parques públicos.
Segunda maior cidade da Holanda, Roterdã conseguiu se reinventar a partir de uma nova centralidade urbana desenvolvida às margens do rio Maas: a Kop van Zuid. Executado em 1980, o plano previa integrar e criar conexões físicas e sociais entre as duas margens do rio, melhorar a imagem da margem sul, contribuir para o desenvolvimento econômico da cidade e garantir retorno social às comunidades da região.
A operação urbana exigiu um forte comprometimento dos entes públicos e privados já que seria impossível para o município arcar sozinho com a quantia total dos investimentos necessários para a requalificação.
Os investimentos públicos em infraestrutura urbana e a mudança de prédios públicos para a área do projeto serviram como catalisadores para o desenvolvimento do Kop van Zuid. Desde então, há um alto grau de confiança entre os investidores privados, aumentando consideravelmente sua disposição para investir na área e nos bairros do entorno.
2013 - Todos os direitos reservados