Foi lá que a cidade nasceu e, lá também, será revitalizada. Emoldurado pela Baía de Guanabara, o centro de Niterói, seis bairros e duas favelas passarão por melhorias em seus 3,8 milhões de metros quadrados. O projeto se estenderá ao Bairro de Fátima, São Lourenço, Ponta D’Areia, São Domingos, Gragoatá, Boa Viagem, Morro do Estado e Favela do Sabão.
A nova área atrairá não só lojistas e empreendedores, mas também moradores, para deixar de ser só local de passagem e comércio. “O Centro viveu um momento muito intenso de degradação. Vamos devolvê-lo à cidade e aos niteroienses”, afirmou o prefeito Rodrigo Neves.
A secretária de Urbanismo e Mobilidade, Verena Andreatta, acrescentou que o projeto procurou entender quais são as vocações do centro. “A população foi embora daqui. Queremos reverter isso”, explicou Verena.
A previsão da prefeitura é de que, com as melhorias, 40 mil moradores e comerciantes migrem para o Centro em 20 anos. As obras vão além dos serviços básicos de infraestrutura, com coletores de lixo subterrâneos, gás encanado, iluminação e telefonia com fiação subterrânea.
Estão no papel, ainda, melhorias na mobilidade urbana, na cultura, no lazer e no turismo. Isso inclui a construção de um parque ao longo de 5 quilômetros de orla, que ganhará deques, e a recuperação de prédios históricos.
Para atender à nova demanda, a região ganhará uma estação integrando barcas, ônibus, bicicletas e os projetos ainda em andamento, como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) e a Linha 3 do metrô. Serão criadas áreas para pedestres e ciclistas, que terão 20 quilômetros de ciclovia. As favelas do entorno serão reurbanizadas.
O projeto ainda será licitado. Os recursos que financiarão as intervenções incluídas na Operação Urbana Consorciada (OUC) não são públicos, mas oriundos da venda de Certificados de Potencial Construtivo (Cepac) e, em parte, da Parceria Público-Privada (PPP).
Os Cepacs serão vendidos pela prefeitura às empresas que queiram construir acima dos parâmetros urbanísticos atuais. Com a venda, o município pretende captar cerca de R$ 1 bilhão para a construção de equipamentos. “Niterói é uma joia a ser lapidada”, avaliou Verena.
O primeiro passo para a revitalização já foi dado. No mês passado, o Calçada Livre retirou os camelôs da Praça Arariboia, alinhou as bancas de jornal, instalou nova sinalização na calçada para orientar deficientes visuais, aumentou a faixa de pedestres e criou um estacionamento para as motos. As obras ainda não começaram, mas os sinais de novos tempos podem ser vistos. Um deles é o Oscar Niemeyer Monumental — duas torres de 28 andares na Rua Visconde do Rio Branco. A construção já foi iniciada.
As Mudanças
Infraestrutura:
Recuperação da rede de esgoto, água e gás; redes subterrâneas de telefonia e energia; pavimentação de ruas; reforma das calçadas.
Lazer e Turismo:
Parque litorâneo com deques, mirantes, marina e restaurantes; o Caminho Niemeyer receberá novo projeto paisagístico, e o Parque das Águas será revitalizado, assim como as praças sem grades; criação de ciclovias, espaços para pedestres e corredores culturais e preservação de prédios históricos.
Social:
Urbanização das favelas da região; criação do Mercado Popular e de abrigos.
Sustentabilidade:
Plantio de cinco mil árvores e uso de lâmpadas LED; instalação de contêineres para coleta seletiva de lixo.
Mobilidade:
Criação da estação intermodal, planejada para ser a maior da América Latina, que vai integrar barcas, ônibus, bicicletas, VLT e a Linha 3 do Metrô.
Shoppings se antecipam ao projeto ?
O Plaza Shopping está de cara nova. A expansão, com lojas mais sofisticadas, foi inaugurada com 100% de ocupação. O Plaza foi um dos empreendimentos que se anteciparam ao projeto.
“Já havíamos identificado a demanda do consumidor em relação a um empreendimento mais moderno. Somado a isso, todo o esforço da prefeitura em dar uma nova cara para o Centro. Por esse motivo, nos antecipamos”, explicou o diretor-comercial da BR Malls, André Ryfer.
As reformas não param por aí. A área antiga do Plaza está em obras e terá padrão igual ao da expansão.
Outro shopping pronto para se adequar ao novo padrão é o Bay Market. As melhorias estão orçadas em R$ 25 milhões, e as obras começam no terceiro trimestre deste ano. A previsão é que sejam concluídas no primeiro semestre de 2015.
“A revitalização integra projeto de expansão de alguns de seus empreendimentos, que, obviamente, se acelerou com o compromisso da prefeitura em investir na região”, explicou Thiago Lima, diretor-presidente da REP, uma das principais operadoras de shopping centers do interior paulista.
As melhorias, disse Thiago Lima, já estão atraindo investidores e lojistas. Vários prédios residenciais já foram entregues e alguns ainda estão sendo construídos, mas com apartamentos 100% vendidos.
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